Desde o governo de Getúlio Vargas (1930-1945) a ocupação da Amazônia é vista como uma estratégia política e um interesse nacional. Durante a Ditadura Civil-Militar ocorreram uma série de incentivos governamentais visando a ocupação da região a fim de gerar lucro e aumentar a produção, tudo sob o lema "Integrar Para Não Entregar". Desde então, os processos de invasão da área se intensificaram e vêm continuamente causando danos aos biomas e aos povos aqui presentes, sobretudo no que se refere ao garimpo e a mineração no Pará.
A descoberta de metais preciosos no Brasil remonta ao século XVIII, mas foi só durante os anos de 1960 que as garras das grandes mineradoras se voltaram ao Pará. O início do Projeto Grande Carajás, na Serra dos Carajás é um marco da perversa exploração extrativista em nossa região,comandada pela então estatal Companhia Vale do Rio Doce e pela siderúrgica estadunidense U.S Steel, numa área até então habitada pelo povo Xikrin do Cateté. Hoje, os Xikrin estão cercados por mais de 10 empreendimentos relativos a mineração comandados pela Vale, que exploram ferro, ouro,níquel e etc. O despejo de metais pesados contaminou o Rio Cateté, causando doenças graves e má formação de fetos.
A privatização da Companhia Vale do Rio Doce, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso agrava a situação. A iniciativa privada não se aproxima de nada que não resulte em lucro, não importando quantas vidas serão prejudicadas no processo, tornando o extrativismo ainda mais predatório.
E com o governo Bolsonaro vemos um aprofundamento das agressões ao meio ambiente e aos povos originários no Pará. O Governo Federal, em conluio com os políticos ruralistas, constantemente ataca o direito dos povos indígenas e quilombolas de viver em suas terras sem a ameaça das mineradoras. Bolsonaro, quando ainda em campanha, chegou a dizer que "não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou quilombola".
Após anos de queda nos índices de exploração minerária em Terras Indígenas na Amazônia, eles voltaram a subir no primeiro ano de governo Bolsonaro.Em agosto de 2019, um grupo de ruralistas da região da bacia do Tapajós provocou queimadas como uma demonstração de apoio ao presidente Bolsonaro,no que ficou conhecido como "Dia do Fogo". A região da bacia do Tapajós é habitada por povos Munduruku, Sai Cinza e Sawe Muybu, os quais lutam há décadas pelo seu direito à terra e à vida. A ação dos ruralistas demonstra o tipo de reação incitada pelas posições nefastas do governo Bolsonaro.
Em 2018, um vazamento da barragem da Hydro, em Barcarena, contaminou as águas da região com substâncias tóxicas. “Nossa vida mudou muito. Hoje não podemos plantar, não podemos tomar banho no rio ou pescar, não sabemos como está a qualidade das frutas. Ficou só as mazelas para o povo, hoje nós vivemos na miséria”, diz Sandra Amorim, líder da Comunidade Quilombola Sítio São João, localizada próxima a barragem. Esse é apenas um dos incontáveis casos de danos causados aos povos que vivem em regiões alvos de exploração minerária.
Bolsonaro assinou, no início de 2020, o PL 191/2020, que regulamenta a exploração de minérios em terras indígenas, sem consultar os próprios povos que serão atingidos com essa medida antidemocrática. Essa medida enfraquece a luta histórica dos povos originários por emancipação. Com isso, o governo demonstra novamente estar a serviço do capital, das grandes mineradoras no objetivo de enfraquecer e exterminar os povos indígenas e quilombolas.
Hoje, cerca de 25% das TI's do Brasil e mais de 50% dos requerimentos para exploração mineral por grandes corporações se encontram no Pará. Empresas como a Hydro Alunorte, Mineração Pará Tungstênio, Serabi Mineração S.A e Cabral Gold exploram recursos minerais no estado, deixando um rastro de destruição e morte.
